domingo, 30 de agosto de 2009

CATEGORIA NARRATIVA TEMPO EM "MEMORIAL DO CONVENTO" DE JOSÉ SARAMAGO


TEMPO


Þ Início da Narrativa = 1711

® O rei casou em 1708 (refere-se que a rainha tinha chegado há mais de 2 anos).

® O rei nasceu em 1689 (refere-se que o rei tem 22 anos = 1711).


Þ As referências temporais são poucas mas as datas que existem, e que são importantes, permitem-nos seguir cronologicamente a acção, através de deduções.

Þ PROLEPSES – encontram-se integradas nas digressões mentais.





- conferem ao Narrador estatuto de omnisciente

- estão aliadas à ironia

Capítulos XV, XVII, XVIII



Þ 1717 – data da bênção da primeira pedra do Convento - Cap. XII.

Þ 1725 – data em que foi estabelecido o contrato de casamento dos príncipes.

Cap. XXII


“o agora” – 1729

Þ 1730 – data da inauguração / sagração do Convento (D. João V tem 41 anos) Cap. XXIV.




- desaparecimento de Baltasar no dia em que todos vão assistir à Sagração do Convento; ele vai para Montejunto a fim de consertar a máquina que está lá escondida. (Cap. XXIII)

- verifica-se que a máquina funciona.


Þ A narrativa termina em 1739 – após os 9 anos em que Blimunda procura Baltasar.



- encontra-o no Rossio a ser queimado com António José da Silva, o Judeu; temos, neste caso, mais uma indicação histórica verídica.



Conclusões: Saramago diz que a História é ficção por isso, há um desprezo pelo tempo cronológico.

sábado, 6 de junho de 2009

INFORMAÇÕES E CONSELHOS ÚTEIS SOBRE O EXAME / EXAMES - 2ª PARTE

II – A prova de Português

Para responder ao Grupo I, constituído por questões de interpretação relativas ao texto que lhe é apresentado inicialmente, deve ler, novamente, o texto, visto que a primeira etapa foi de leitura global de todo o enunciado.
Releia cada uma das questões e tente registar os aspectos em que estas incidem, fazendo a identificação do tema da questão, indicando os limites desse tema, ponderando o tratamento que lhe deve dar. Pode, ainda, sublinhar no texto os elementos que se articulam com o primeiro aspecto indicado. Os limites e o tratamento dependem do verbo usado para enunciar a questão. 
Quando não conseguir responder a uma questão, não perca tempo a tentar solucioná-la. Avance e retome-a após ter terminado o teste.

Caso lhe seja pedida uma opinião (texto expositivo-argumentativo) sobre uma obra/autor do programa, não esqueça que, normalmente, lhe é apresentada uma afirmação cujo papel é o de indicar-lhe o caminho que deve seguir na sua exposição. É pois importante que leia as orientações da questão e o enunciado proposto.
Aqui espera-se que exponha:
1 – a parte de verdade que a afirmação contém;
2 – o que de errado ela apresenta;
3 – a sua posição.

Caso lhe seja pedido um comentário, o texto a produzir deve ter uma introdução (curta e que apresente o assunto), um desenvolvimento (exploração do assunto, evitando os desvios e obedecendo a uma ordem cronológica ou lógica), e uma conclusão (resumo da impressão a que chegou, ou síntese dos principais aspectos).

No Grupo III é-lhe proposto um resumo de um texto informativo. Para o fazer, deve recordar as regras que subjazem à produção deste tipo de texto:
1 – Leitura do texto.
2 – Análise preliminar que passa por:
2.1 – divisão do texto em partes;
2.2 – titular cada parte (dar um título);
2.3 – desmontar o texto (procurar as palavras-chave), os articuladores do discurso);
2.4 – sintetizar e organizar as ideias.
3 – Redacção final. Aqui deve observar o seguinte:
3.1 – respeitar a ordem por que o autor apresenta as ideias;
3.2 – manter o fio condutor;
3.3 – não repetir as frases do autor, procurando frases equivalentes, usando nominalizações; não usar o diálogo ou as citações, salvo se estas contiverem uma afirmação importantíssima e evitar as enumerações e as descrições;
3.4 – obedecer ao número de palavras que lhe são propostas.
4 – Leitura do texto produzido para se aperceber da coerência do mesmo, ou das incoerências que subsistirem, e eliminá-las.

 Lista de verbos mais frequentes: caracterizar: evidenciar os traços distintivos ou dominantes; comentar: explicar um texto, uma frase, através de comentários, juízos, ilustrar um pensamento através de análises e de exemplos, para confirmar ou negar; comparar: ligar dois domínios para evidenciar as semelhanças e/ou as diferenças; criticar: ganhar distância e ajuizar acerca de qualquer coisa, realçar a verdade, o falso, as qualidades, os defeitos; descrever: enumerar as características de qualquer coisa, reproduzindo-a com a ajuda de traços observáveis; definir: precisar o conteúdo de um conceito, os seus atributos essenciais; demonstrar: chegar a uma conclusão de forma rigorosa, através de factos ou de raciocínios, responder ao porquê; discutir: proceder ao exame contraditório de uma questão, dizer os prós e os contras, mencionar as vantagens e os inconvenientes; ilustrar: esclarecer o sentido de um texto, de uma proposição, de uma citação com a ajuda de um exemplo, gráfico ou imagem.
(in Métodos para aprender, Porto Editora).
In Dossier exame – 12º ano, Português B, Edições ASA
(adaptado)

sexta-feira, 5 de junho de 2009

AS FUNÇÕES DA LINGUAGEM


As Funções da Linguagem

Texto Informativo:

Quando comunicamos, são múltiplas as finalidades que pretendemos atingir: informar, exprimir sentimentos, dar uma ordem, etc. Adequamos, portanto, o nosso discurso a essas finalidades. Daí derivam as funções da linguagem, com as suas marcas específicas. Será, no entanto, difícil encontrar mensagens que utilizem exclusivamente uma das funções, haverá, sim, o predomínio de uma sobre as outras.

1. Função informativa
Está presente sempre que o emissor se limita a informar clara e objectivamente o receptor sobre qualquer realidade ou facto. Encontramo-la sobretudo na informação dos meios de comunicação social, em livros de História, manuais teóricos...

2. Função emotiva (ou expressiva)
Consiste, como o próprio nome indica, numa expressão directa da emoção do emissor que se reflecte directamente no conteúdo da mensagem.

3. Função apelativa
É utilizada pelo emissor sempre que este pretende influenciar o receptor, levá-lo a praticar uma determinada acção. Por isso é utilizada sobretudo na linguagem publicitária e na de comando.

4. Função poética
Resulta de um trabalho de selecção das palavras e da cuidada construção da frase, pois pretende evidenciar o valor estético da mensagem. Por isso, a encontramos, sobretudo, no texto literário.

5. Função metalinguística
Está presente sempre que para explicarmos o funcionamento da língua usamos obrigatoriamente a própria língua, como por exemplo nas aulas de Português, mas também quando queremos verificar se emissor e receptor têm a mesma acepção semântica do código que utilizam.

6. Função fática
Está presente sempre que o emissor quer estabelecer ou manter o contacto

quinta-feira, 4 de junho de 2009

INFORMAÇÕES E CONSELHOS ÚTEIS SOBRE O EXAME / EXAMES - 1ª PARTE

Informações e conselhos úteis sobre o exame

I – Antes e durante o exame

Antes da realização do exame, já deve ter adquirido técnicas de estudo porque só estas lhe permitirão adquirir e reter os conhecimentos que vai poder demonstrar na prova que vai realizar.
É fundamental que tenha tirado notas durante o estudo. Mas é igualmente eficaz que se interrogue sobre elas, tentando colocar questões como:

Quais os aspectos mais significativos deste autor?
Que temáticas privilegia?
Qual a posição que toma face a determinada realidade?
Estará correcta a atitude que assume?

Estas etapas permitirão obter uma visão do assunto e ter uma opinião crítica sobre o mesmo.
Depois de ter lido e sintetizado os conteúdos que poderão constituir objecto da prova de exame, deve sentir-se menos ansioso. Não esqueça que a ansiedade só pode ser superada se realmente estudar, isto porque ela aumenta quando a probabilidade do fracasso se acentua.
No dia da realização da prova, tente cumprir os horários previamente estabelecidos e tenha confiança em si. Lembre-se que, se chegar atrasado, certamente ficará nervoso, factor que poderá ser inibidor da capacidade de concentração que a prova exige.
Enquanto aguarda o enunciado, vá preenchendo o cabeçalho da folha da prova e prepare o material de que vai precisar: lápis, borracha, uma esferográfica sobressalente… Esta preparação pode ajudá-lo a descontrair.

Quando a prova lhe for distribuída:

1 – leia as orientações, o texto e as questões do teste cuidadosamente;
2 – releia o texto e tome notas, no rascunho, e destaque o que lhe parecer importante;
3 – responda primeiro às questões mais fáceis;
4 – não perca tempo a solucionar uma questão para a qual ainda não tem resposta ;
5 – quando tiver resolvido tudo quanto lhe pareceu mais acessível, volte a ler as questões a que não respondeu, tentando perceber aquilo que com elas se articula;
6 – tente dar respostas completas, pensando sempre que estas devem permitir ao corrector percepcionar as questões que lhes estão subjacentes;
7 – releia o teste todo antes de o entregar de modo a aperceber-se da clareza e coerência das respostas;
8 – não se esqueça de controlar o tempo de que dispõe de maneira a reparti-lo por todos os grupos, evitando que este se esgote antes de ter terminado a prova.

terça-feira, 2 de junho de 2009

"TABACARIA" DO HETERÓNIMO PESSOANO ÁLVARO DE CAMPOS-----partindo de leituras, uma outra possível de um dos poemas da minha vida...






"Tabacaria",
das leituras possíveis, a minha, resultado da leitura de outras.

Vou considerar quatro momentos na divisão deste texto e apresentar a minha proposta de leitura / interpretação de cada um deles, em separado.


"TABACARIA" - 15 / 1/ 1928


Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?

(1º verso do 2º momento)

Os quatro primeiros versos constituem uma Introdução a este poema, sendo esta independente do 1º e dos restantes 4 momentos.
Assim, nestes quatro versos, o "eu" confessa o seu fracasso como algo irremediável,
Não posso querer ser nada.
Será esta, aliás, a temática orientadora deste poema em que o sujeito poético reconhece que, por querer ser tudo como possibilidade, nunca será nada.
Relativamente aos 4 momentos aqui considerados:
- estão relacionados com os espaços físicos onde se desloca o sujeito poético e que se caracterizam como:

DENTRO: quarto (cadeira) / FORA (janelas)

1º momento, vv 5-31 - nele, o "eu"reflecte sobre o excesso de realidade do mundo exterior, Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é; uma rua cruzada constantemente por gente, e a irrealidade de tudo, uma rua inacessível; impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa; Com o mistério das coisas.
Neste primeiro momento, o "eu" encontra-se à janela do seu quarto mantendo, deste modo, o contacto visual com o exterior, rua e Tabacaria.
O pessimismo é nota dominante neste texto como, por exemplo,
em Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens.
Esta ideia de pessimismo encontra-se ligada, por sua vez, ao desgaste do Tempo e à morte que se tem como certa. (ver vv 12-13 com referência ao Destino, ligado à ideia de Morte, como um tirano que tudo determina).
A negatividade do "eu" é assumida através da anáfora presente no início dos versos
Estou hoje vencido; Estou hoje lúcido; Estou hoje perplexo; Estou hoje dividido.
Depois destas constatações, o resumo desta sequência presente no verso, Falhei em tudo.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

NOTAS DE RODAPÉ SOBRE ÁLVARO DE CAMPOS

Ode Triunfal - Texto da 2ª fase de A.C., considerado um vaivém entre futurismo e sensacionismo com predominância deste sobre o primeiro.

►►Esta divisão diz respeito à totalidade do texto

Introdução (Vv. 1- 4) – marcada pela vontade de cantar / “escrever” mas “tenho febre e escrevo”.
Desenvolvimento (Vv. 5 – 238)
Conclusão (V. 240)

Título

(hipóteses adiantadas para a sua interpretação)

- Revelador da tendência megalómana em Pessoa (idéia do Super-Poeta). Porquê chamar-lhe Ode e ainda Triunfal? Ode aponta, à partida, para um cântico elogioso, acrescentar-lhe Triunfal é hiperbolizar o significado de Ode.
1ª est. – 3Vv. – O estado neurótico do poeta é, simultaneamente, fonte de inspiração. Há, no entanto, uma crítica implícita à civilização, presente na descrição do seu estado.

2ª est. – Expressão das sensações provocadas pela máquina e que são experimentadas fisicamente pelo sujeito poético, emanadas do exterior, da realidade.

3ª est. – Encontram-se presentes os conceitos de temporalidade e de intemporalidade. As referências temporais nesta estrofe apontam para um passado que se encontra projectado no presente assim como o futuro é o “resultado” desse mesmo presente. Assim, o presente é a síntese do futuro e do passado.
Formalmente, atentar na onomatopéia no V. 24 uma vez que a repetição de sons é sugestiva da confusão causada pela sociedade fabril e do ruído da civilização.
Vv. 59 e segs – Na descrição dos vários elementos sociais, de referir a antítese quando se evidencia uma compostura exterior (vestuário) que não corresponde às intenções de que se suspeita. Salientam-se a ironia (v. 61), a antítese (v. 66 – coloca-se em dúvida as intenções inocentes de mãe e filha que se passeiam pelas ruas).
Lisbon Revisited (1926) – TEMA: o eu do sujeito lírico, frustrado e desiludido de tudo, revê-se na sua cidade, tão fantasma como ele → problema de FP = crise de identidade do eu-ortónimo agora em AC.
- poema da 3ª fase de AC, é o regresso à abulia, ao tédio, à nostalgia de um bem perdido. Melancólico, devaneador, desiludido, cosmopolita, Campos aproxima-se da poética de Pessoa ortónimo no cepticismo, nas saudades da infância, na dúvida quanto à sua identidade, na fragmentação do eu.
v.1 – revela o desencanto pela vida (sentimento abúlico)
- no 1º momento do texto, o suj. poético, abúlico e frustrado, manifesta o seu desencanto pela vida.
- nos primeiros versos do 2º momento, o suj. poético revê a cidade da sua infância que ele considera “pavorosamente perdida” e “triste e alegre” neste último exemplo, numa alusão às duas cidades que conheceu, a da infância e da vida de adulto.
v. 34 – evidencia a dúvida sobre a sua identidade e refere-se à multiplicidade de eus que vivem nele (vv 37-39).
- Vv 42-48 – o eu fala da cidade como a revê e de como se sente nela, “Transeunte inútil”, “Estrangeiro”, “Casual” e “Fantasma”.
- Vv 54-58 (final do 2º momento) – a perda da imagem está relacionada com a perda de identidade (vv 55-56) e podemos mesmo pensar na recordação da figura materna e da infância quando refere “em que me revia idêntico”.
V 57 – fragmentação do eu
- no segundo momento do texto encontramos uma estreita relação entre o título do poema e o desenvolvimento do tema (ver V32).
- os verbos no Presente do Indicativo denunciam o estado de espírito do suj. poético, a sua frustração face aos fracassos dos seus projectos / sonhos do passado.
- texto narrativo e descritivo:
● verbos predominantemente no Presente do Indicativo;
● substantivos;
● adjectivos (descrevem a cidade e a alma do poeta: negatividade e tristeza).