quinta-feira, 28 de maio de 2009

NOTAS DE RODAPÉ SOBRE ÁLVARO DE CAMPOS

Ode Triunfal - Texto da 2ª fase de A.C., considerado um vaivém entre futurismo e sensacionismo com predominância deste sobre o primeiro.

►►Esta divisão diz respeito à totalidade do texto

Introdução (Vv. 1- 4) – marcada pela vontade de cantar / “escrever” mas “tenho febre e escrevo”.
Desenvolvimento (Vv. 5 – 238)
Conclusão (V. 240)

Título

(hipóteses adiantadas para a sua interpretação)

- Revelador da tendência megalómana em Pessoa (idéia do Super-Poeta). Porquê chamar-lhe Ode e ainda Triunfal? Ode aponta, à partida, para um cântico elogioso, acrescentar-lhe Triunfal é hiperbolizar o significado de Ode.
1ª est. – 3Vv. – O estado neurótico do poeta é, simultaneamente, fonte de inspiração. Há, no entanto, uma crítica implícita à civilização, presente na descrição do seu estado.

2ª est. – Expressão das sensações provocadas pela máquina e que são experimentadas fisicamente pelo sujeito poético, emanadas do exterior, da realidade.

3ª est. – Encontram-se presentes os conceitos de temporalidade e de intemporalidade. As referências temporais nesta estrofe apontam para um passado que se encontra projectado no presente assim como o futuro é o “resultado” desse mesmo presente. Assim, o presente é a síntese do futuro e do passado.
Formalmente, atentar na onomatopéia no V. 24 uma vez que a repetição de sons é sugestiva da confusão causada pela sociedade fabril e do ruído da civilização.
Vv. 59 e segs – Na descrição dos vários elementos sociais, de referir a antítese quando se evidencia uma compostura exterior (vestuário) que não corresponde às intenções de que se suspeita. Salientam-se a ironia (v. 61), a antítese (v. 66 – coloca-se em dúvida as intenções inocentes de mãe e filha que se passeiam pelas ruas).
Lisbon Revisited (1926) – TEMA: o eu do sujeito lírico, frustrado e desiludido de tudo, revê-se na sua cidade, tão fantasma como ele → problema de FP = crise de identidade do eu-ortónimo agora em AC.
- poema da 3ª fase de AC, é o regresso à abulia, ao tédio, à nostalgia de um bem perdido. Melancólico, devaneador, desiludido, cosmopolita, Campos aproxima-se da poética de Pessoa ortónimo no cepticismo, nas saudades da infância, na dúvida quanto à sua identidade, na fragmentação do eu.
v.1 – revela o desencanto pela vida (sentimento abúlico)
- no 1º momento do texto, o suj. poético, abúlico e frustrado, manifesta o seu desencanto pela vida.
- nos primeiros versos do 2º momento, o suj. poético revê a cidade da sua infância que ele considera “pavorosamente perdida” e “triste e alegre” neste último exemplo, numa alusão às duas cidades que conheceu, a da infância e da vida de adulto.
v. 34 – evidencia a dúvida sobre a sua identidade e refere-se à multiplicidade de eus que vivem nele (vv 37-39).
- Vv 42-48 – o eu fala da cidade como a revê e de como se sente nela, “Transeunte inútil”, “Estrangeiro”, “Casual” e “Fantasma”.
- Vv 54-58 (final do 2º momento) – a perda da imagem está relacionada com a perda de identidade (vv 55-56) e podemos mesmo pensar na recordação da figura materna e da infância quando refere “em que me revia idêntico”.
V 57 – fragmentação do eu
- no segundo momento do texto encontramos uma estreita relação entre o título do poema e o desenvolvimento do tema (ver V32).
- os verbos no Presente do Indicativo denunciam o estado de espírito do suj. poético, a sua frustração face aos fracassos dos seus projectos / sonhos do passado.
- texto narrativo e descritivo:
● verbos predominantemente no Presente do Indicativo;
● substantivos;
● adjectivos (descrevem a cidade e a alma do poeta: negatividade e tristeza).